terça-feira, 24 de novembro de 2009

Balançado


Eu quero uma casa na praia. Com direito a dias de verão de muito sol e felicidade. Quero ver os risos aparecerem como o sol que entra pelas frestas do portão, contagiando todo o ambiente. Quero ver minha filha encantada com a sensação mágica e tão simples de ter seus pequenos pés sobre a areia grossa, mergulhadas na água fria do mar. Quero que a paz corra pelos cantos da minha casa, da minha vida, como passeia uma brisa fresca, levantando folhas e suspiros. E que seja tão doce e tão prazeroso ouvir as conversas e risos de minha família, que se tenha a impressão de poder escutar a felicidade, como quem ouve a um canto de passarinho, nessa suave normalidade. Quero agradecer a Deus pelo amor que encontrei e que tenho, a cada cortina que se abre apertando nossos olhos, a cada silêncio calmo da tarde, em cada calor entre as mãos dadas e cúmplices, na certeza do encontro dos olhares. Quero viver dessa verdade imensa , que alimenta a alma e o espírito, com todos os meus por um tempo farto e incalculável.


E a resposta do sr. amor :


Eu também quero uma casa na praia. Mas com a ar condicionado, futton e ofurô. Conexão banda larga, tv de plasma, Apple TV e macbook. Uma plantação de iPhone, para colher pelo menos 10 gigas de aplicativos por dia. Uma barraca de praia confortável, com ombrellone hidramático, cadeira com ajuste de coluna e um bom reader para baixar um bom livro. Uma distância segura pra vigiar minha pequena de longe, mas que me mantenha longe das urticárias causadas pelo calor. Um garçom solícito e um freezer que funcione. Se tiver conexão wifi, um Skype para me conectar à minha família. Agora se minha filha enfia a mão na areia, grito logo: não vai mais mexer no computador do papai!

te amo!




segunda-feira, 23 de novembro de 2009

INFINITOS

Existem dias que não acabam. Que existem e existem e existem, independentes e alegres, além das segundas-feiras. Existem dias que ecoam, em risos e chuvas, em suaves abraços, em pedidos de tanto mais. Não são dias com hora marcada para se despedir, pós o tic-tac da zero hora. Ao contrário: são dias com o dom de fabricar, de trazer para vida mais risadas, mais alegria, mais dias de mesma natureza e uma força que faz mais de nós. São dias-mães. Que parem felicidade. É só fechar os olhos, para você também lembrar de um dia que continua existindo até hoje. E que causa uma cócega de alma só de lembrar. Que sorte, que fortuna estar vivendo um dia desses. Que de tão inesgotáveis, não se deixam capturar em palavras, nem mesmo por uma justificada paixão pela poesia. Deixo então que corram, para sempre, para tanto. Para muito além das linhas.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Do dia que me amei assim.


Amanhecida de mim

Essa natureza tempestade

Esse vento incorrigível

Força de tais


Pessoa descabida

Não cabe nos limites da roupa

Da boa educação

Pessoa que gira os acordes da vida

Que joga os pratos no chão!


Ando pedindo desculpa

Por derrubar os talheres,

enfeites, com tetos, com mãos

Um sentir tão desastrado

Que vai causando confusão.

(e põe o teu amor sob a minha condição?)


Sou dessa suavidade violenta

Desse amor repuxo de turbina

Mar revolto, quanta preocupação


E eu só queria o silêncio do dia…


Mas minha alma indomada

Não aceita sugestão!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

(Para pôr um título)

Se eu soltar a língua,

Se eu soltar o verbo,

Junte a letra solta

Forme um só verso


Se eu errar no tom

Se eu quebrar a métrica

Faça um som do bom

Sopre a nota certa


Pois apesar dos erros

De cálculo e de régua

É seu amor que eu canto

É pra você minha festa


É pelo zumbido bom

Que vem do fundo do peito

E pega a gente de jeito

Até no silêncio do dia.


Nosso amor é assim. Vezes dá samba. Vezes dá poesia.