domingo, 21 de agosto de 2011



A doçura não sabe

encontrar paz em mim

os meus ventos

são como sopros

de lá de longe

só se ouvem ruídos

mas aqui dentro

como mora o embaraço


queria eu poder

ter outro canto

seria bom se todo dia

a gente soubesse viver

mas quando a gente é

e sobretudo

quando é do avesso

a vida é uma corrida

de uma perna só


Me pediram

pra descer do alto

pra endireitar os modos.

Desculpe. Não fiz.

Alma de poeta

se descuida

porque se alimenta

de delirios.


Dá mais trabalho nascer de si mesmo.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Luise quer fazer mais

Contando os dias pra fazer uma

Coisa que eu ainda nem sei o que é

O que eu tenho é isso

Essa coisa amorfa de nome sentimento

O desejo de ocupação

Ocupar a tarde de coisa alguma

Que não é exatamente esta

Horas penso numa imagem

Em um punhado de palavras encaixadas

Dizem que posso chamar de arte

Arte

Seria isso

Essa coisa que falta?

As vezes acho que é propriedade

Um amor próprio

Mas não amor por si

Amor por outra coisa que você ame

Em tempo, só

Paixão sem companhia

Dedicando uma razão de vida

As vezes penso que disso aqui ja tem demais

Letrinhas

Poemas

Falta é fazer

Fazer por mais gente

E tanta gente aí pra começar

Falta colocar a mão na massa

E mão na massa

É arte.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Espumar

Ele nao gosta de fazer muitos alardes

eu faço de tudo uma poesia

já tinha algum tempo

que estávamos enxutos

mas eu ainda estava lá, com certeza estava

sem pressa de sair

conversando com os ruídos espumeiros

Era uma sensação tão leve

que nesse intervalo podia até sentir saudades

mesmo ele estando ali

lendo um livro ao meu lado

Ele falava de alguma coisa

mas os meus ouvidos ainda estavam zunindo

minhas palavras afogavam-se por vontade própria

Estava tudo ali

feito espuma

os braços,

os ditos,

os ritmos

o som que cantei para mim

só para embalar os pensamentos

Foi o segundo mais longo

que já vi nascer

de toda a memória

Um segundo que nunca tinha

pressa de acabar

Mergulhei ali.

Por um tempo incalculável.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Eu sempre achei que ia chegar o dia, o final de semana, de parar pra descansar. De ficar só mesmo ouvindo os passarinhos. De sosssegar nas presenças. Desaparecer do mundo. O dia em que SER bastasse. Achava que nesse dia ia sentir amor. Mas aí acordo e o mundo já se moveu todo de lugar. E o que era sozinhos, já é junto com mais. E o que era um silêncio, já é um alvoroço.

Eu mal arrumo a casa aqui dentro, mudamos de casa. Mal mudamos de conversa, e alguém se muda pra perto de nós. E o dia que era cinza muda para um dia de girassol. Que muda para um dia cinza na quarta. E mudas com plantas na varanda. E por que você nunca muda? E quando penso que tudo enfim é paz, eu mudo de humor. Decidimos então mudar tudo e o que fazemos é mudar de canal. Tiramos o sódio, botamos mais sódio. Abrimos as janelas, nos enchemos e esvaziamos de visitas. Enquanto eu penso sobre ter um plano de vida, já entramos em um projeto. Em mais um curso. Em mais um negócio. E eu querendo entrar só pra dormir. E dizemos bom dia pra compensar a noite. E dizemos boa noite pra ver se o dia aparece melhor. E nos queremos imensamente hoje. E amanhã é tanta coisa já nem sei. Mas vem aí o fim de semana, quem sabe para descansar, para ouvir os passarinhos. Mas não.

O nosso amor vai ser sempre movimento.