quinta-feira, 4 de junho de 2009








Eu

Como eu queria que você percebesse a poesia toda que havia no meu vestido branco dançando sobre a minha pele, e na maneira suave que meus pés contornavam a areia e o vermelho, o vermelho forte da ponta dos meus dedos, tão ingenuamente distraídos. Eu queria que você visse como o vento atravessava a mim, atravessava as minhas palavras e preenchia meu espírito e meu vestido branco de tanto fôlego. Porque tudo era tão leve quanto as mínimas flores bordadas, como o cabelo pegando no cantinho da minha boca e a vontade da areia, de ficar agarrada em mim. Era dia claro, claro como o bem, e havia tanto poema naquelas cores todas que eu desejava ser aquelas cores, derramada no verde das gramas, no amarelo caído sobre as pedras frias, extasiado. Eu já sorria, vendo meus pés serem também grãos, vendo meus sonhos serem também fluidos, perdidos em mar. E pensando no dia, naquele exato instante, em que você será também eu, vendo tudo que existe no meu olhar.