quarta-feira, 17 de junho de 2009

Poema caipira

(inspirado em uma chefe bem cosmopolita)


E quanto mais

a mulher me empurra

Mais eu enteso

Feito burro n´água

Mais o ombro prende

Mais o corpo atrasa

Porque o que eu quero

É leseira

Eu nem sei que dia é hoje

Se é sábado, domingo-feira

Eu quero é abrir meu bico

Esticar minhas Penas

Faz um sol danado lá fora

E você cheia de caramiola

Me deixe ouvir o tilintar da vida

O zinoim do tempo

Meu ritmo hoje é marcado

É um jingado quase lento

Eu quero é um aconchego de lado

Demorar na risada gostosa

Molhar meu pé, encharcar palavra

De qualquer coisa melada e enjoada

E você com essa cara

Sem entender nada

Veja, já é sexta-feira

Me deixe esticar meu cangaço

E se tiver um motivo pra rir

Descanse esse muro

Estenda esse braço

E me encontre, mulher

Que não há motivo

Pra tanto

estardalhaço.

Mesmo assim eu vou vivendo
de um jeito bom e atrapalhado
sabendo o tanto que a gente vive
e amando o tanto que é inventado.