sexta-feira, 25 de setembro de 2009

solto na língua

Hoje estou de suavidades. Quero que o dia seja doce e que o perfume seja quente como o sol das cinco. Hoje eu só quero palavras mansas, baixas, que descem como veludo enrolando pescoço e ouvidos. Hoje eu escuto aquela música leve, de batidinhas marcadas, aquele hit que  acompanha até na calçada, na padaria. Hoje estou a fim de uma bossa, mesmo que sozinha, de sentar para ver a poesia de janeiro, do Rio inteiro, do desenho gostoso e curvilíneo do Corcovado. Hoje eu topo uma tapioca , um empanado, topo qualquer coisa que tenha em cima um côco ralado. Hoje é dia de cores leves, do finalzinho da onda chegando na areia, de uma fala que nem precisa sair, de uma abraço para desaparecer nos braços. Hoje eu quero mais do violão: o tom, os dedos da mão. Hoje eu quero a corda vibrando na caixa maior do meu coração.  Eu quero ser o som, e de tão mergulhada, ser tocada em uma tarde calma… Quero tanto que esse dia não tenha pressa de passar, que não se agonie para começar nenhuma emoção em mim. Quero deixar deslizar, escorrer, até que sinta chegar um eclipse de dia assim.