sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Eu sempre achei que ia chegar o dia, o final de semana, de parar pra descansar. De ficar só mesmo ouvindo os passarinhos. De sosssegar nas presenças. Desaparecer do mundo. O dia em que SER bastasse. Achava que nesse dia ia sentir amor. Mas aí acordo e o mundo já se moveu todo de lugar. E o que era sozinhos, já é junto com mais. E o que era um silêncio, já é um alvoroço.

Eu mal arrumo a casa aqui dentro, mudamos de casa. Mal mudamos de conversa, e alguém se muda pra perto de nós. E o dia que era cinza muda para um dia de girassol. Que muda para um dia cinza na quarta. E mudas com plantas na varanda. E por que você nunca muda? E quando penso que tudo enfim é paz, eu mudo de humor. Decidimos então mudar tudo e o que fazemos é mudar de canal. Tiramos o sódio, botamos mais sódio. Abrimos as janelas, nos enchemos e esvaziamos de visitas. Enquanto eu penso sobre ter um plano de vida, já entramos em um projeto. Em mais um curso. Em mais um negócio. E eu querendo entrar só pra dormir. E dizemos bom dia pra compensar a noite. E dizemos boa noite pra ver se o dia aparece melhor. E nos queremos imensamente hoje. E amanhã é tanta coisa já nem sei. Mas vem aí o fim de semana, quem sabe para descansar, para ouvir os passarinhos. Mas não.

O nosso amor vai ser sempre movimento.