É, eu não sou daqui.
Eu sou do mar
Meu verbo é derramar
Até encobertar os grãos secos
de vida pouca, de pouco amor
Eu tenho o tamanho do abraço
Da linha azul no horizonte
É verdade, sou mansa
(como o sonho bom)
De envolver você em um balanço morno
Mas também sou tanta
Tenho o incalculável mistério do mar
Desenhada no brilho da beira
E com muita história além da superfície
Sou um convite, sou água
Queira beber, por favor
Se contém o sal,
não é para secar a garganta
Mas para encher de vida
Os cantos onde o azul se arrasta
Sim, seu moço, posso não ser certa
- qual é a agua que é acomodada?
E meu ruído horas incomoda.
Mas qual a onda que se traduz calada?
Até quando a brisa é mansa
Ouve-se o canto da boca encharcada
Do alto de uma sacada…
Venha quem quiser sentir
Pule quem quiser provar!
Tenho o número de encantos
Salgado, molhado, imenso, espalhado
Que alcança o mar!