domingo, 30 de agosto de 2009

Despedida ( um pedaço tão pessoal)

Ainda se fosse a despedida de uma cidade, da minha cidade. Dos céus nos quais acordei, nos ombros que descansei, mãos e braços que me fizeram ter forças para me erguer sobre as pernas. Mas é mais. É uma despedida de mim. Deixo, em algum canto do playground do meu prédio, a menina acanhada que tanto teve medo, mas que sempre guardou um tanto de amor.Deixo a menina que bagunçava as idéias e as roupas, e procurava caminhos e ruas, tentando se encontrar. Deixo alguns dos amigos, mas levo comigo o sorriso e amor de cada um deles. Deixo as cores da cidade, mas levo todas que já estão pintadas em meu coração. Deixo no travesseiro alguns sonhos de ontem, algumas mal-dormidas noites, mas acordo, para viver os sonhos que escolhi. Deixo uma estrada bonita pra trás que, apesar dos capítulos de dor, foi escrita sob a luz do sol, e eu sou esse sol. Dou adeus a tudo que minhas paredes escutaram: os choros, os medos, as preces, as minhas confissões celebradas com tão verdadeiras alegrias. Deixo a história do que fui, e vou fazer a história nova. Uma parte de mim chora, ao se despedir da menina, outra parte agradece, pensando no que virá. De todos, de todos, não poderia deixar de fazer essa despedida de mim. Saio como a menina que fui, e vou como uma folha em branco, meu amado branco em alma virgem, me transformar na mulher que sou.