Homens.
Homens de mão grande
De caber o mundo
Mãos abertas,
Como a segurar o ar
Homens de peito
Atravessando o espaço
Como quem rompe o mundo
Com força, com avidez
[é preciso ter cuidado com o atropelar das rotinas
Homens de mão grande coçam a cabeça
Porque lhe cabem pensamentos demais
Homens andam de um lado
Para o outro
como uma Grande Cruzada
na sua sala de jantar.
Homens de mão grande
Franzem a testa
Apertam os olhos
E fazem silêncios imensos
Em seus planos de batalhar
De conquistar o invento, o tempo,
o trunfo, o programa da tv.
Homens franzem a testa
Quando só querem carinho
E derrubam seus corpos imensos
Ao nosso lado
Homens não falam
Homens andam
Homens braços
Com seus reservátorios de amor
Somente visitados por nós
[ nos horários em que os portões se abrem
Homens com seus exageros
De robustos sonhos
De encorpadas vozes
De tantas vidas
Em uma vida homem
[suspiramos
Quase sem ver
o tilintar das xícaras
e a rouquidão da manhã.
Homens dormem homens acordam
Barulhentos e idos
Sob o nosso olhar
delicadamente atento.