quarta-feira, 18 de agosto de 2010

H

Homens.

Homens de mão grande

De caber o mundo

Mãos abertas,

Como a segurar o ar

Homens de peito

Atravessando o espaço

Como quem rompe o mundo

Com força, com avidez

[é preciso ter cuidado com o atropelar das rotinas

Homens de mão grande coçam a cabeça

Porque lhe cabem pensamentos demais

Homens andam de um lado

Para o outro

como uma Grande Cruzada

na sua sala de jantar.

Homens de mão grande

Franzem a testa

Apertam os olhos

E fazem silêncios imensos

Em seus planos de batalhar

De conquistar o invento, o tempo,

o trunfo, o programa da tv.

Homens franzem a testa

Quando só querem carinho

E derrubam seus corpos imensos

Ao nosso lado

Homens não falam

Homens andam

Homens braços

Com seus reservátorios de amor

Somente visitados por nós

[ nos horários em que os portões se abrem

Homens com seus exageros

De robustos sonhos

De encorpadas vozes

De tantas vidas

Em uma vida homem

[suspiramos

Quase sem ver

o tilintar das xícaras

e a rouquidão da manhã.

Homens dormem homens acordam

Barulhentos e idos

Sob o nosso olhar

delicadamente atento.

Um sorriso de uma médica que entra na sala atrasada. Um raio de luz nas suas costas na hora de abrir o carro. O convite para entrar na sala que você queria. O discurso que te distrai. A alegria de quem nem te conhece direito. Quando você precisa, a vida te abraça de muitas formas.