domingo, 19 de abril de 2009
Talvez as noites chuvosas sejam para isso. Para abrir a janela de dentro, ver se há mais paz ou tristeza. Se há alguma mágoa, a poeira de alma. É uma emboscada da natureza, uma pausa para se refazer. Um remédio pra quem desconhece o próprio espelho, as mudanças do seu cheiro. É um favor do tempo para que se possa criar coragem de viver consigo mesmo. Não quer dizer com isso que o silêncio cure de imediato ou que a chuva lave a dor que se apresenta. Mas o papel de tanto escuro é clarear. A função de tanta gota é transbordar. Alguma coisa aí, dentro de nós. Quem escuta a chuva, com resignação, aprende a ouvir o próprio canto. Tateia a paz com a ponta dos dedos, descobre a forma que tem. Fecha os olhos com calma e reúne o corpo inteiro, num abraço que aquece. E aproveita, em céu tão nublado e horizonte tão turvo, para enxergar com singular clareza como anda o seu caminho.
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Adorei,Lu!!!
ResponderExcluirA mais pura verdade...temos que aproveitar esses momentos mágicos para refletirmos e crescermos.
Adorei esse Lu! Exatamente como me sinto nos dias chuvosos que nos obrigam a pensar e repensar em tudo o que somos e sentimos...
ResponderExcluirMuito bom. A tradução daquela famosa vontade de não sair debaixo do edredon e passar o dia em cima da cama pensando na vida. Espero que ainda chova bastante.
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