sexta-feira, 29 de maio de 2009

Espera...


Ás vezes eu me pergunto: é mesmo o mesmo ano? Estamos tão bem, eu mal pude, e de repente, assim. Veja, é o resultado dos dias que fizemos, cada dia. O minúsculo mostrando para nós que tamanho de fato ele tem, que importância. É a soma de todas as frases não ditas para mim. São os espaços em brancos todos juntos, que você insiste em achar que eu deixei, formando um só muro pálido. Veja como nossa corda balança, como tudo parece desalinhado. Entretanto é sol, e esperamos juntos que alguma coisa seque. Que um pouco de vento quem sabe varra, com mais passar de dias, com inaugurações. Me acordo, em um descobrimento repentino, para um amor que tanto existe em silenciosas intenções de melhora.


(Deixo esse texto sem desfecho, posto que ele é somente vida, vida é o que ele é, e deseja acontecer assim, em descontínuo seguimento.)

3 comentários:

  1. E são boleros de Ravel os relacionamentos...
    A corda bamba, o muro sólido, e o amor ali, presente, esperando um tempo de paz pra se impor à guerra.......
    É que nunca mais seremos os mesmos após uma visitação íntima de alguém nos desvãos de dentro de nós.

    Tantos beijos meus.
    E um OBRIGADA sincero.

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  2. ôi Filha LInda!!!
    Lindo, sem mais palavras!
    Te amo muito!

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  3. Instruções para dar corda no relógio.

    Lá no fundo está a morte, mas não tenha medo. Segure o relógio com uma mão, pegue com dois dedos o pino da corda, puxe-o suavemente. Agora se abre outro prazo, as árvores soltam suas folhas, os barcos correm regata, o tempo como um leque vai se enchendo de si mesmo e dele brotam o ar, as brisas da terra, a sombra de uma mulher, o perfume do pão.
    Que mais quer, que mais quer...Amarre-o depressa a seu pulso, deixe-o bater em liberdade, imite-o anelante. O medo enferruja as âncoras, cada coisa que pôde ser alcançada e foi esquecida começa a corroer as veias do relógio, gangrenando o frio sangue de seus pequenos rubis. E lá no fundo está a morte se não corremos, e chegamos antes e compreendemos que já não tem importância.

    Julio Cortázar

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Fico muito feliz com a participação de vocês. Quem preferir pode mandar um email: lubacoli@hotmail.com. Obrigada!