quinta-feira, 21 de maio de 2009

Folhas. Eu as amo, folhas. Eu amo vocês existindo puras, contra esse céu branco. Em uma pintura dessaturada, mesmo em cores de meio dia. Folhas, eu amo sua rendição. Amo seu desenho tão plástico, seu lindo penteado na tempestade, todas as centenas arrumadas para o lado direito, como uma carícia de cabelo. Como amo sua revolta. O balançar por mais revolto me soa como poesia. Eu também sou o branco que as cobre, folhas. Eu também sou imenso, sou o vento que as engole. Estamos tão juntas, tão emaranhadas, que tenho o seu mesmo cheiro de mata virgem molhada, tão encabrunhado na pele, tão intenso no hálito. Amamos-nos na pureza toda e na nudez da natureza. E estamos serenos, de olhos abertos, completamente entregues aos repuxos do vento, ao seu jeito indomável, seus impulsos e sabedorias. Apenas dançamos, vendo em tudo poesia.. Como as amo nesse céu de inverno. E agora sou também ela, sou a chuva que nos pinica, que nos invade calma e plena, ensopada de razão. Eu sei, eu entendo, porque agora também estou derramada, sou água que desce pro mar, rolando no chão.

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