terça-feira, 7 de julho de 2009

Passagem


Quem manda ser assim, romântica demais. Agora fica aí, frente a minutos lentos, de barba branca amarelada, daqueles que sentam na porta de casa e pensam o mundo em cada mordida. Aqui fora, a vida quer dar suas reviravoltas, é normal. Algumas até fui eu que convidei, chamei pra entrar. Mas tem horas... tem horas que bate um medo, uma falta de coragem... No momento estou com choro. Com algo dessa finíssima classe acompanhando meus silêncios. Talvez nem seja meu o choro. Às vezes eu choro o choro do outro, pra que ele possa desaguar, convalescer. Talvez hoje eu chore o medo da minha mãe. A saudade que ela vai sentir quando tudo isso não for mais igual– e a minha saudade também. Talvez eu chore pela parte de mim que se permite duvidar, se perguntar se não é trabalho demais para si o que vem pela frente. Minha cabeça pende para um lado e para outro – procurando um colo, na certa. Meu suspiro percorre centenas de esquinas em uma velocidade instantânea. Mas volta vazio de ninguém. Minhas mãos estão abertas, pra ver se passam sonhos entre as frestas. Tudo em mim está assim: naquele tempo que é meio. Que precisa de mais coragem para ser o tempo da frente. Que precisa deixar de ser menino, e ter joelhos tortos, para ser o que vem, para descobrir quem vai ser. Procuro unir os cordões que faltam, consertar os laços e nós, porque não é bom partir deixando nada embaralhado. Afinal, vou precisar de toda força para mudar os trilhos. De uma coisa fico certa: só se vence um grande momento, seja bom ou ruim, cercado de imenso amor.

Um comentário:

  1. antes de ir para aracaju tb me sentia assim. mas na hora h, vc vai ver: tudo é mais simples, pq a gente vai vencendo cada momentinho, cada pequeno obstáculo, um de cada vez. e a saudade, essa é a mais inevitável prova de amor, então deixa pra ela existir qd bem quiser...

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Fico muito feliz com a participação de vocês. Quem preferir pode mandar um email: lubacoli@hotmail.com. Obrigada!