quinta-feira, 19 de agosto de 2010

M


Mulher


Em pé.

Mas em seu olhar

há algo de longo

há algo de seguro

há algo de seu

muito seu

Eis o que havia conquistado

Soube formar-se no próprio ventre

agora era ela

Uma Mulher

Em sua fecundidade

de dons.

Tão plena quanto inteira

os pés nus sobre o tapete

A pele reluzindo com os olhos

Verdadeira e nua para si

Já era a guarda do universo

Cresceu com os outros grãos.

Já havia aprendido

a germinar uma relação

a se encontrar no silêncio

a transformar na calma

a abrigar os infinitos gemidos

do amor

sem nunca perguntá-lo.

Era ela

Pedaço de mundo

Mulher inteira

Agora com olhar mais certo

fincado nos sonhos

ardente buscadora de si

Andava com um passo

talvez mais leve

um pouco mais certo

mais firme

Em suas mãos tinha a certeza

de poder acalentar o mundo

de ver com os dedos

o que a alma esconde dos olhos

De poder tocar os medos

De poder acariciar os dons.

Mulher inteira

disse dela mesma

E seguiu

(ainda havia muito a fazer).

Mas com uma beleza

delicadamente farta

que só cabe

a uma vida mulher.

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