quinta-feira, 23 de abril de 2009
À LUZ DO DIA
Imagine que crime de amor seria roubar um livro. Colocar por trás da blusa, suar frio por suas páginas. Secar a boca e apertar frases contra o peito. Imagine que crime mais delicado: roubar para ler Vinicius de Moraes. Para entender um soneto de Camões, para ler sobre o Garrincha, que seja. Enfrentar pálido o corredor que leva à saída, os olhares do segurança diante de sua maior condenação: querer saber. Tenham piedade desse crime, se tanto quanto carne, fizer o homem se saciar na primeira esquina, sentado embaixo de um poste. Ou se, na penumbra de casa, beijar sua vítima: um livro com cheiro de novo. Ainda que seja um seqüestro, deixe que passem uns dias em cativeiro, trocando brincos, conversando sobre a vida, tendo dúvidas de dicionário, em vez de falar em pontas de faca. Deixe que lhe sirva o café, que lhe faça companhia nessa espera demorada e sem resgate. Ao ler um livro, não se engane: todo mundo foge, todo mundo foge da prisão.
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Perfeito!
ResponderExcluirBjos!
Rê
juro que sempre penso em colocar um livro na bolsa qd to em livrarias.
ResponderExcluirsempre quero comprar todos, aí penso:
eu compro esses (os mais baratos) e esse (o mais caro) eu levo de "brinde".
ok, nunca tive coragem.
Ps: livro é chave de mil portas mesmo
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLivro é tudo de bom... mas com tantas bibliotecas por ai pra que roubar??!!
ResponderExcluir"Dupla delícia - O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado."
Mário Quintana