segunda-feira, 27 de abril de 2009

O silêncio tem muitos tons. Sim, o silêncio. O que incomoda mais não é o vazio de voz, é a seriedade que ele encobre ou transparece. Minha mãe, por exemplo, tem um silêncio muito alto. É quase brutal o silêncio de minha mãe, ainda mais se vem acompanhado de um olhar. É um silêncio que fala, pior, que fere. Mas há de todo modo muitos silêncios. Há vezes em que eu entro na sala e ninguém quer falar nada, nem mesmo com o sorriso, nem mesmo com os olhos, e ainda assim nenhum de nós se machuca. Há um respeito mútuo pelo tempo do outro, pelos segundos em que ele prefere estar nesse estado, ausente do mundo. Há outros silêncios que falam tão forte que se sente, em um raio de quilômetros, em quilômetros de anos, como se estivesse falando no pé do ouvido - mudez entranhada de amor. Há os que não querem dizer, há os que já dizem, só em fazê-lo. Se você prestar atenção, há uma barulheira de silêncio (pouco ou muito suportável). E quanta beleza há em tanto branco. Eu vou aqui, seguindo com o meu, que, hoje, é só de preservação.

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