segunda-feira, 9 de agosto de 2010

branco banco

Aquele banquinho encostado guardava uma centena de tardes com gosto de conversas boas. Ele era inteiro branco, por isso o próprio tempo gostava de se assentar ali. E quando a gente sentava, era como se descolasse da vida e já se tornasse bem velhinho, em apenas quatorze segundos. E então para nós o gostoso se tornava ver a vida dos outros passar, com seus cachorros de mão, com suas preguiças de expediente, seus sapatos chutando vento, suas fabricações de família. E de repente a nossa própria vida passa então mansa pela calçada, acompanhada pelo nosso olhar, como um suspiro longo e grato... Uma breve pausa para o alívio de viver - que fica ainda melhor com o friozinho da tarde. É o minuto em que os sonhos param um pouco de pedir e as pernas de correr. Levantamos. Recuperamos então nossas dores nas costas, nosso dia pelo meio, nossas obrigações civis e as mãos nos bolsos. Talvez até a própria idade, uns dez passos depois. E seguimos, escrevendo a própria história, em passos um pouco mais lentos, em linhas um pouco mais longas.

Um comentário:

Fico muito feliz com a participação de vocês. Quem preferir pode mandar um email: lubacoli@hotmail.com. Obrigada!