Palavra nasce de mim boca aberta pro mundo. Assim como um bueiro na rua, arrotando um bocado de ontem pra quem passa recolhido em guarda-chuva. Palavra é minha sina, para não ficar chorando com olho de menino em vitrine. Há muito tempo me separei dela. Deixei-a caída como uma criança esquece seu carrinho de rolimã. Minha palavra quase morreu de frio. Mas eu sou palavra-hora. Sou esse canto sentido do mundo, `as vezes tanto, `as vezes mudo. Sou essa letra que venta, sou um pulsado que cansa, sou de um todo que empurra, que quer existir para além. A palavra em mim apenas dança. Que é o autor senão o palco, que é coitado, senão o refém? Uma palavra me passa, abraço palavra também. Que sejamos uma, prontas, inteiras, entregues, para o sopro que acende o fogo, para o que corta e não se vê. Pedi palavra pro mundo. E ela me veio acontecer. Sejamos o que sempre pela primeira vez.
09/03
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