segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Espumar

Ele nao gosta de fazer muitos alardes

eu faço de tudo uma poesia

já tinha algum tempo

que estávamos enxutos

mas eu ainda estava lá, com certeza estava

sem pressa de sair

conversando com os ruídos espumeiros

Era uma sensação tão leve

que nesse intervalo podia até sentir saudades

mesmo ele estando ali

lendo um livro ao meu lado

Ele falava de alguma coisa

mas os meus ouvidos ainda estavam zunindo

minhas palavras afogavam-se por vontade própria

Estava tudo ali

feito espuma

os braços,

os ditos,

os ritmos

o som que cantei para mim

só para embalar os pensamentos

Foi o segundo mais longo

que já vi nascer

de toda a memória

Um segundo que nunca tinha

pressa de acabar

Mergulhei ali.

Por um tempo incalculável.

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