quinta-feira, 7 de maio de 2009

Da inexperiência

Se felicidade fosse um presente, fico pensando se eu não devolveria de imediato. Assim, como se ardesse feito gelo seco ou mexesse em minha mão, como um bicho vivo. Fico me perguntando se não a lançaria do meu colo em um impulso. Sim, porque a todos se ensina desde a infância a buscar a tal felicidade, mas ninguém lhe diz como lidar com ela quando encontrar. Não, não é esta, a alegria, que é de anos minha grande amiga. Essa dorme em minha casa. Mas aquela que é calma, que é plena, fruto da realização, é justa e até merecida. Inofensivamente assustadora. É incrível a pouca habilidade de lidar com essa, nunca vi nada mais desajeitado. Ás vezes, basta algumas horas com ela para que eu sinta falta, acredite, de minhas preocupações, tornando a resgatá-las ou a inventar uma. Felicidade justa assusta, não estamos acostumados com essa coisa de direito. Eu não sei bem quem foi que disse que não estamos prontos para o que nós mesmos construirmos. Que é difícil sustentar. Eu não sei de onde veio, mas tão pouco importa, porque agora tenho os dedos abertos, firmes e quentes. A próxima vez que a felicidade se chegar, agarro-a de um golpe só, como a um gato preto de rua esperniando e arranhando. (Tamanha é a minha inexperiência que só agora lembrei que felicidade é moça educada. É só convidar gentilmente que ela entre e permitir que ela fique, pelo tempo que quiser, hospedada aí dentro.).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fico muito feliz com a participação de vocês. Quem preferir pode mandar um email: lubacoli@hotmail.com. Obrigada!