terça-feira, 19 de maio de 2009

SONO

De maneira que acho demasiadamente injusto pequenas pálpebras carregarem tanto sono. E pessoas tão pouquinhas, levarem sonos tão obesos nas costas. Fico pensando o que faz o mundo as obrigar a caminhar assim, com uma sacolinha de volume tão menor que o próprio sono, sendo obrigadas a arrastá-lo a punho pelo trabalho, pelas ruas e avenidas, pelas faixas de pedestre, pelas passarelas, ônibus às oito e meia, ventos de praia e almoços com mosca. Sim, é uma desumanidade, visto que são tão pequenas, magras pessoas, e levam todo o sono que lhe és imposto nas costas, até o sono do próprio patrão, já que mais um café, outra reunião, um novo telefonema e cara de ameaça nos mostram que não há nunca neles, em tempo algum, uma vontade ainda infantil de dormir. Antes, a distribuem de maneira igualitária entre seus funcionários, que, ociosos, a carregam tristemente, sem receber sequer um ajuste salarial por isso. Fica aqui o meu protesto manso, porque mesmo que fosse alto, não acordaria tamanha dormência, só mesmo um grito de sábado ou feriado instituído de repente numa quarta-feira. Só os aviso para que não aconteça, de em uma semana qualquer, os funcionários também se revoltarem e largaram sobre as mesas de seus patrões dezenas de toneladas de sono, de forma que a empresa boceje e que o patrão não consiga carimbar o aviso prévio, nem mexer sequer o mindinho de tanta preguiça.

Um comentário:

  1. sei exatamente do que você tá falando, afinal, sou mestra em cochilos cínicos no meio do expediente.

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Fico muito feliz com a participação de vocês. Quem preferir pode mandar um email: lubacoli@hotmail.com. Obrigada!