terça-feira, 7 de abril de 2009

Sede recorrente. Tapeávamos o dia justamente com as horas. De vez em quando levantávamos os lápis, ou os olhos, como se pudéssemos suspender a cabeça o suficiente para ver o sol. Havia um ar frio, um ar condicionado, mas era como se, em dias assim, não houvesse ar algum. Os pés batiam no chão, as pálpebras insistiam em fechar, como se sonhando, pudessem dar à alma um pouco mais de liberdade. Era uma sala modestamente arrumada, mas parecia uma caixa, a sala de espera da vida. Cansávamos, mas fingíamos que não. Queríamos um pouco mais – mais cores, mais tempo, mais cheiro, mais emoção espremida desse dia – enquanto dávamos cinco passos inofensivos até o café. Nossos olhares, sempre por entre as telas, se encontravam. Mas era ele, o conhecido suspiro, que dizia todas as coisas. Aos nossos dedos, cabia a sina de caminhar pelas teclas. Mas as nossas almas, essas sim, corriam sem freio e sem rumo, misturadas ao vento.

Um comentário:

  1. Eu to aqui, ali, acolá e onde mais você voar!
    Meu querido Zumbi dos Palmares!

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Fico muito feliz com a participação de vocês. Quem preferir pode mandar um email: lubacoli@hotmail.com. Obrigada!